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Foto do escritorErika Bismarchi

A mulher brasileira

O Dia Internacional da Mulher não é uma data de comemoração, mas de luta histórica e reflexão, principalmente em relação às condições de trabalho, direitos políticos e igualdade de gênero. 


Atualmente, nós somos maioria aqui no Brasil. São 6 milhões de mulheres a mais do que homens, segundo os dados do último Censo Demográfico, divulgado em outubro de 2023. São 104.548.325 brasileiras, que representam 51,5%  da população.





Também somos maioria no ensino superior. Uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), em 2019, revelou que entre as mulheres com 25 anos ou mais, 19,4% completaram o ensino superior, 4,3% a mais do que os homens. A presença feminina é maioria dentro das universidades, mas quais mulheres são essas? É importante notar quão expressiva é a quantidade de mulheres brancas e de classe média/alta nesses ambientes em comparação às pretas e pardas.


De acordo com a Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura, 72% das produções científicas do Brasil são realizadas por mulheres; e dos mais de seis milhões de profissionais de saúde, seja no setor público ou privado, 65% são mulheres.


Mesmo com maior participação na escolarização, na especialização e no mercado de trabalho, as mulheres seguem dedicando muito mais tempo nos cuidados domésticos e de pessoas em relação ao público masculino. Uma pesquisa realizada pelo IBGE trouxe que, em média, os homens dedicam cerca de 11 horas da semana para os mesmos afazeres que as mulheres, que usam cerca de 22 horas para realizar essas tarefas. 


Dessa forma, as mulheres precisam conciliar o trabalho doméstico, o cuidado com os filhos ou de outro familiar, com as tarefas profissionais. E ainda assim, as mulheres recebem apenas 77,7% em relação ao salário dos homens na mesma posição profissional. A média mensal dos brasileiros é de R$ 2.555, enquanto o delas não chega a R$ 2.000. Em relação aos cargos políticos e de liderança, a mulher ainda tem pouco espaço.  


Um outro fato relevante é que uma parcela crescente da pobreza é composta por mulheres. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) aponta que 70% dos pobres do mundo são mulheres. E mesmo ganhando menos, 45% dos lares brasileiros são sustentados de forma exclusiva por mulheres. Assim como 55 milhões de crianças são criadas por brasileiras sozinhas. 


Mesmo reconhecendo as inúmeras transformações e evoluções conquistadas pelo público feminino, precisamos reconhecer que o mundo, e principalmente o Brasil, ainda é um lugar hostil para nós. Aqui, no quinto país que mais mata mulher, uma de nós sofre violência sexual a cada oito minutos. Três em cada dez brasileiras relatam já terem sido vítimas de alguma violência doméstica praticada, principalmente, pelo parceiro, entre outras tantas atrocidades. 


Não é fácil. É necessário reconhecer a luta das que vieram antes de nós e arregaçar as mangas, porque a batalha ainda é longa. Nesta série, que começa hoje, vamos trazer nomes importantes de brasileiras que movimentaram a política, a arte, a literatura e a história, para nos inspirar a acreditar que ainda pode ser bem melhor. Seguiremos na luta!


Acompanhe a série AQUI

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