Quando pensamos no mês de Junho, logo pensamos nas festas juninas. O mês é marcado por quermesse, quitutes, bebidinhas e decorações específicas, não é mesmo?
Mas, você sabia que, para além dessa festividade cultural, o mês é de suma importância? Sim, pois celebramos a diversidade, a inclusão e o amor em todas as suas formas. Pelo Brasil afora, Junho é considerado o mês do Orgulho LGBTQIAPN+, que é uma forma de evidenciar a data que muitos historiadores consideram como o pontapé inicial de uma luta organizada pelos direitos da comunidade LGBTQIAPN+.
Antes de contar um pouco da origem, uma pergunta importante: Você sabe exatamente o que significa cada letra dessa sigla? Inclusive, sigla que deve crescer e ficar cada vez maior, pois somos humanos, e, como já dizia nosso grande Raulzito, “uma metamorfose ambulante”. E que seja assim! Pois sentir e se permitir a novas formas de amar não deve ser reprimido ou guardado. Pelo contrário, as formas de amar devem ser vivenciadas e respeitadas por todos. Enfim, saber o significado de cada letra é reconhecer a existência dessas pessoas e as particulares delas. É enxergar o outro!
As letras da sigla LGBTQIAPN+ representam:
• as Lésbicas, que são mulheres (que podem ser cisgêneros ou transgêneros) que se relacionam, que sentem uma atração romântica e/ou sexual por outras mulheres, que também podem ser mulheres cis ou trans;
• os Gays, que são homens (que podem ser cisgêneros ou transgêneros) que se relacionam, que sentem uma atração romântica e/ou sexual por outros homens, que também podem ser homens cis ou trans;
• as/os Bissexuais, que são as pessoas que sentem uma atração romântica e/ou sexual tanto por homens quanto por mulheres, idendependete do sexo e/ou gênero;
• as/os Travestis, Transgêneros e Transexuais: Travestis, palavra que carregou um estereótipo pejorativo anos atrás, mas que para além disso, representa tanto o homem ou mulher que não se identifica com o sexo biológico que lhe foi atribuido ao nascimento. A pessoa sente a necessidade de travestir outras características diferentes do seu próprio gênero, às vezes, de forma temporária ou permanente. As/os Transgêneros são pessoas que não se identificam com o gênero ao qual foram designadas, baseados ao seu genital. Neste grupo, pode-se incluir os Não-Binários. As/os Transexuais são pessoas que carregam um sentimento intenso de divergência ao sexo físico biológico que lhes foram atribuidos no nacimento, de forma a fazerem ou querem alterar suas características físicas, o que já é altamente possível, seguro e gratuito (viva o SUS!), com procedimentos como a hormonização e a redesignação sexual.
• as/os Queers, que são mulheres ou homens que não se enquadram nos padrões de identidade tradicionais de gênero e/ou sexualidade. Esse grupo assume uma diversidade de expressões que diferem do cisgênero ou transgênero, de forma a rejeitar os rótulos, e manter fluidos tanto seu gênero quanto sua orientação sexual.
• as/os Interssexos, que são pessoas que nascem ou desenvolvem características, incluindo genitais, padrões cromossômicos e glândulas, como testículos e ovários, que não se encaixam com as noções binárias típicas de corpos femininos ou masculinos. Internacionalmente, essa definição foi alterada, visando mais ao modelo de lei dos direitos humanos de aplicação das questões de orientação sexual e identidade de gênero tratados nos Princípios de Yogyakarta, em vez das definições médicas. As pessoas intersexo não compartilham uma identidade, sendo uma população diversificada. As pessoas intersexuais podem ser heterossexuais ou não, e cisgêneros ou transgêneros.
• as/os Assexuais, que são pessoas que (quase) não sentem atração sexual por outra pessoa, a ponto de não se relacionarem nem emocionalmente ou sexualmente com ninguém. Porém, há casos de relacionamentos românticos entre os assexuais. A assexualidade engloba alguns outros grupos, como os Demisexuais, que são pessoas que não sentem atração sexual por ninguém sem que antes possua um vínculo emocional estabelecido.
• as/os Pansexuais, que são pessoas que se sentem atraídas por outras pessoas, independente de orientação sexual e/ou identidade de gênero. Podem ser mulheres, homens, cisgêneros ou transgêneros, de forma a não se limitarem ao sexo feminino ou masculino ou a uma determinada orientação sexual.
• as/os Não-Binárias(os), são pessoas que não se limitam às categorias do feminino-masculino. Assim, essa identidade está fora do binário de gênero e da cisnormatividade – padrões estabelecidos do que é ser mulher ou homem na sociedade.
• + englobam todas as outras identidades de gênero e orientações sexuais que não se encaixam nos grupos que já mencionamos. O + também representa outras sexualidades ou identificações que possam vir a existir.
Didaticamente falando, a orientação sexual e a identidade de gênero são coisas completamente distintas e diferentes. A identidade de gênero está relacionada com a maneira com que a pessoa se identifica, podendo ser cisgênero, transgênero e não-binário. Já, a orientação sexual indica por quem a pessoa sente atração, podendo ser heterossexual, homossexual, bissexual, assexual, panssexual.
A sigla também dá nome a um partido político, social e cultural de luta pelos direitos civis e pelo combate à homofobia e quaisquer tipos de violências e preconceitos. O que nos remete ao início desse post… Agora a história:
Nos Estados Unidos, que não era muito diferente daqui do Brasil, por volta de 1950-60, as autoridades policiais tinham o costume de invadir bares e boates que eram voltadas aos homossexuais. Lá, eles usavam de muita violência, em alguns casos extrema, contra esse público: batiam, humilhavam, xingavam, ridicularizavam e prendiam a bel prazer, não levando em conta se a pessoa estava dentro ou fora das leis vigentes. Aqui, no Brasil, era o auge da ditadura militar, imaginem como eram tratados… No dia 28 de Junho de 1969, um grupo de frequentadores do Stonewall Inn., um bar no vilarejo de Greenwich, em Nova York, resolveram dar um basta e reagiram à truculência da polícia. Foi uma pancadaria! Muita gente ficou ferida, outro tanto de gente foi presa. Esse fato foi o marco inicial para o movimento atual que conhecemos.
No dia seguinte, a polícia nova-iorquina tentou repetir o ato com um grupo de lésbicas que estava no mesmo local. Elas atiraram pedras, tijolos e moedas na viatura. Algumas foram presas. Assim, o que foi chamado de “levante” ou “revolta” perdurou por semanas seguintes. Dizem que quem teria jogado a primeira pedra foi Marsha P. Johnson, que era prostituta e transsexual. Dias após, ela liderou uma passeata até o Central Park, com cartazes, gritos de ordem, etc. Era a primeira vez que a comunidade LGBT+ ocupava um espaço público e em movimento, com placas, gritos e reivindicações de direitos básicos. Essa passeata se repetiu por diversos anos consecutivos. Assim, nascia a Parada do Orgulho, que, atualmente, acontece em diversos países, inclusive no Brasil, por diversas cidades do nosso território.
No Brasil, a primeira Parada aconteceu em 1997, em São Paulo. O evento reuniu cerca de 2 mil pessoas. Em 2006, ela foi considerada a maior Parada do mundo e entrou para o Guinness Book com um público de 2 milhões de pessoas. Em 2022, foram contabilizadas 4 milhões de pessoas.
A comunidade obteve conquistas relevantes como:
• A cirurgia de redesignação sexual disponível no Sistema Único de Saúde (SUS);
• O casamento entre pessoas LGBTQIAPN+;
• A permissão para a adoção de crianças;
• Autorização para corrigir nome e gênero na documentação pessoal;
• Criminalização da homofobia e transfobia.
Entretanto, a luta é longa e a violência é grande. Por isso, a necessidade de debater assuntos relacionados ao tema. Desse modo, a etc não podia deixar de abordar a temática.
Começa hoje a série: Orgulho LGBTQIAPN+ aqui no nosso blog.
Nos próximos posts, serão apresentados os números da violência no Brasil e no Mundo, as diferentes questões vivenciadas pela comunidade, em relação aos relacionamentos e família. Vamos apresentar nomes importantes para o ativismo, arte e cultura. Como você pode colaborar com a visibilidade da comunidade, entre outros.
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Para a realização deste texto foram utilizados as seguintes fontes:
A nossa amiga velha de guerra Wikipedia
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