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  • Foto do escritorErika Bismarchi

Vidas LGBTQIAPN+ importam!

Quase 21 milhões de pessoas com mais de 18 anos (o que dá mais ou menos 11% da população adulta total), se identificam como indivíduos pertencentes à comunidade LGBTQIAPN+. Agora, imaginem que apenas um terço (com sorte) deles chegarão, no máximo, aos 35 anos de idade. Isso não incomoda você? 


Para mim, é inadmissível a morte tão prematura de alguém. Ainda mais sendo de forma violenta. Sim (!), pois sabemos que 80% dos assassinatos que acometem essa população ocorrem com requintes de crueldade. E, em relação aos dados, há uma questão chocante: Não existe no Brasil nenhum número oficial sobre as mortes das pessoas da comunidade LGBTQIAPN+. Essa informação também não revolta você? Isso explica, inclusive, porque o medo do preconceito ainda faz com que muitos não se assumam nesta condição, ou o certamente o índice desta população e das mortes apareceriam ainda maiores.


Outra coisa, reflita que o simples fato de não ter o número exato, com estudo, estimativas baseadas em dados reais, já diz muito. Mesmo sabendo que o país é o lugar que mais mata essas pessoas, por 15 anos consecutivos, por quê a dificuldade em fazer um mapeamento? Falta de dedicação? A divulgação mais recente estima que em 2023 houve 155 mortes de pessoas trans no Brasil, sendo 145 casos de assassinatos e 10 suicídios, cometidos após violências ou devido à invisibilidade. A explicação é simples! Justamente a invisibilidade de informações e estatísticas torna praticamente impossível o avanço em algum projeto de política pública específico a esse público. Falta de comprometimento? 


Sabem por quê esse cenário todo? Porque, por mais que tenha havido avanços significativos para a comunidade, o que ainda prevalece (infelizmente) na sociedade é a ignorância, o preconceito, a discriminação e a violência. Lembrando que desde 2019 a homofobia é criminalizada e inafiançável, tratada de forma equivalente aos crimes de racismo. Mas, sabe o que é curioso? Realizei uma busca no Google para saber quantas pessoas estavam presas por homofobia e não encontrei esse dado. Inclusive, se alguém souber, cola aqui! Será que ninguém comete homofobia por aqui? – (contém ironia!) Ou será que a justiça faz-se não enxergar? Será que as denúncias e queixas são levadas a sério ou são tratadas como mais uma burocracia? Pense nisso! 




Solidão, discriminação e abandono também matam 


Além de todas as questões já descritas, há aqueles e aquelas que morrem diversas vezes, em vida mesmo. Há estudos que afirmam que as pessoas LGBTQIAPN+ têm seis vezes mais chances de cometer suicídio. E os motivos são: a recusa e, em diversos casos, a exclusão da família, a evasão (expulsão) da escola – cerca de 90% não conseguem concluir o Ensino Médio -, a falta de oportunidade de trabalho – a maioria recai para a prostituição - , os amores clandestinos, o despreparo nos serviços e profissionais de saúde e assistência, entre outros. Justamente, por isso, a vida dessas pessoas é tão curta. 


A arte, o cinema, mas, principalmente a televisão, tem contribuído (e muito) para o debate. Cerca de 33% das pessoas assistem aos capítulos das novelas de horário nobre, sendo que 44% desses telespectadores possuem mais de 50 anos. Quando um tema LGBTQIAPN+ é abordado, inevitavelmente centenas de milhares de famílias são tocadas, ensinadas. Uma outra parcela grande da população brasileira, de 57%, acompanha a trama pelas redes sociais e acabam se envolvendo com o enredo e com os personagens. 


A arte, a dramaturgia, têm trazido à mesa da família, atrizes e atores trans (da vida real (!) e não mais o Rodrigo Santoro interpretando/performando uma mulher). A presença deles é de extrema importância, pois, além de dar visibilidade à verdadeiras (os) artistas, costuma-se abordar as aflições, as questões individuais e sociais que a pessoa LGBTQIAPN+ vivencia no seu dia-dia, buscando a conscientização do resto das pessoas. E, isso está acontecendo! A passos de tartaruga, de forma atrasada, mas está acontecendo.  


Quando se abre espaço para uma pessoa LGBTQIAPN+ você abre portas para comunidade. É uma vitória de todos que todos saem ganhando. A diversidade é linda e uma bela professora. 


Por isso, se você conhece alguém que está sofrendo violência, tanto psicológica quanto física, acolha ela! Se você puder oferecer um trabalho ou consumir algo de alguma pessoa LGBTQIAPN+, faça isso. Coloque o assunto em discussão sempre que puder. Apresente nomes, pessoas e obras que abordam o tema à sua família, seus amigos, colegas. Convide um(a) LGBTQIAPN+ para fazer uma palestra na sua empresa, na sua escola, nos seus locais de convívio. 


Reconheço que esse texto foi mais pesado, mas não podemos deixar de informar e registrar os poucos números que se sabe, que se tem. Reconhecer de onde estamos vindo, nos ajuda (no futuro) a não repetir esses mesmos erros.


Na semana que vem, trago coisas boas. Prometo! Não deixe de ler! 


Esse post faz parte de uma série sobre o Orgulho LGBTQIAPN+. Se você perdeu algum texto, CLIQUE AQUI! Se tiver alguma sugestão, opinião ou algo a acrescentar, sinta-se à vontade, mas com respeito!


Para escrever esse post, utilizei as seguintes referências:









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